sábado, 20 de setembro de 2008

VIÚVA DE PAULO FREIRE ESCREVE CARTA DE REPÚDIO À REVISTA VEJA (Atualizado em 12 de setembro de 2008 às 10:46 - Publicado em 12 de setembro de 2008)


Na edição de 20 de agosto a revista Veja publicou a reportagem O que estão ensinando a ele? De autoria de> Monica Weinberg e Camila Pereira, ela foi baseada em> pesquisa sobre qualidade do ensino no Brasil. Lá pelas> tantas há o seguinte trecho:

"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na> pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores> docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa, que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado". Curiosamente, entre os especialistas consultados está o filósofo Roberto Romano, professor da Unicamp. Ele é o autor de um artigo publicado na Folha, em 1990, cujo título é Ceausescu no Ibirapuera. Sem citar o Paulo Freire, ele fala do Paulo Freire. É uma tática de agredir sem assumir.

Na época Paulo, era secretário de Educação da prefeita Luiza Erundina. Diante disso a viúva de Paulo Freire, Nita, escreveu a seguinte carta de repúdio:

"Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE -- e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta. Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar. Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas. A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não> é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista. Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do “filósofo” e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário. Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela. Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar. Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu “Norte” e “Bíblia”, esta matéria revela quase tão> somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no> caminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!

São Paulo, 11 de setembro de 2008 Ana Maria Araújo Freire".


terça-feira, 16 de setembro de 2008

Indústria jornalística prioriza os EUA e joga a América Latina




No segundo semestre de cada ano tem início a temporada de furacões no Atlântico Norte. Fenômenos da natureza, que segundo artigos da comunidade científica teve seus efeitos agravados pelo aquecimento global, atingem ricos e pobres com igual ira. Não é igual, porém, o peso qualitativo e quantitativo que a indústria jornalística brasileira dá para a passagem desses furacões pela região do caribe e Golfo do México.
As vidas têm igual valor, é o que prega a Declaração de Direitos do Homem. Os mortos e feridos da América Latina, aos olhos da indústria jornalística no entanto, valem menos que as vítimas norte-americanas.
Os furacões se formam na região do Caribe e ganham ou perdem força ao "caminhar" para o continente. Quando ainda são tempestades tropicais, recebem o nome ou de uma mulher ou de um homem numa ordem que segue as letras do alfabeto. Ao ganharem a classificação de furacões, recebem categorias que vão de 1 a 5. Em 2005, o furacão Katrina ganhou as manchetes do mundo todo, principalmente pelos estragos provocados em Nova Orleans. O tratamento da indústria jornalística para esses desastres naturais dá muito mais peso para os possíveis danos na população e na economia norte-americana do que para as vítimas e estragos nos países latino-americanos que estão no caminho. Basta acompanhar o noticiário, desde as primeiras notícias da formação de tempestades tropicais para encontrar um "roteiro" como esse:
a) a tempestade se forma e ameaça chegar aos EUA em alguns diasb) a tempestade ganha força e vira furacão com determinada categoria e coloca em alerta os EUAc) o furacao atinge país A ou B, geralmente no caribe, e pode chegar aos EUA.
Se o furacão permanecer com força, as manchetes continuam, se ele perder a intensidade, o noticiário se desmobiliza. Ficam para trás os esforços e conseqüências de países como Jamaica, Cuba, Haiti e República Dominicana.
Caso do Furacão Gustav
Para exemplificar, pode-se fazer a análise do furacão Gustav a partir do noticiário publicado no final de agosto e início de setembro. O estudo de caso será o do jornal Folha de S.Paulo.
Na segunda feira, dia 01 de setembro de 2008, a foto principal e a segunda manchete do jornal Folha de S.Paulo retratavam a saída da população de Nova Orleans, nos EUA, temerosa que os efeitos do Gustav fossem os mesmos do furacão Katrina, que arrasou a região em 2005 e, além das mortes e prejuízos, ajudou a desmoronar a imagem do presidente Bush.
Neste dia 01 de setembro, o furacão já tinha passado pelo Caribe, atingindo o Haiti, Jamaica e Cuba, a manchete no entanto foi: Furacão leva à fuga quase 2 milhões para o interior dos EUA.
Na chamada de capa, nenhuma referência às vítimas e estragos no Caribe. A citação só acontece já na página A10, no terceiro parágrafo: "A midia americana passou o dia transmitindo alertas do furacão, que deixou 95 mortos ao varrer o Caribe - a maioria no Haiti. Em Cuba, por onde passou ontem, levou 300 mil pessoas a deixarem suas casas e prejudicou a rede elétrica".
Nenhuma outra passagem faz referência à América Latina, todos os demais parágrafos, do lead às retrancas e subtítulos só citações para os planejamentos das autoridades, além da preocupação com a produção de petróleo. No infográfico, abaixo da borda o subtítulo: Furacão que já matou dezenas no Caribe ameaça sul dos EUA. Há uma retranca em que uma professora universitária brasileira, que reside nos EUA, fala das suas preocupações.
A outra retranca fala sobre o esvaziamento da Convenção Republicana, que seria realizada no mesmo dia para oficializar o candidato à presidência dos EUA. Um olho fala sobre como o candidato democrata capitaliza o desastre em seu favor, pois já organizava doações para as possíveis vítimas.
Nenhuma outra linha para os dramas das 95 famílias - confirmadas - no Caribe. Nenhuma foto para as 76 vítimas haitianas.
No dia seguinte, 2 de setembro, o furacão perde força, mas atinge os EUA. A foto principa é sobre o Gustav e manchete tem menos peso.
Novamente na página A10, a notícia vai para o pé da página. Não é mais assinada pelo correspondente nos EUA. É uma nota da redação em conjunto com as agências internacionais. A foto, da agência EFE, é da cidade de Houma, na Louisiana. No infográfico, as preocupações são: comparação com a trajetória do Katrina; impactos no preço do petróleo e novamente a citação dos mortos, agora com o número corrigido para 95.
Como o desastre foi menor do que o anunciado, matéria em pé de página par, subtítulo com três parágrafos relatando a passagem pelo Caribe. Fim de assunto.
Valores-notícia
A Teoria do Jornalismo explica, em parte, o tratamento desigual na cobertura dos furacões. Pela teoria do newsmaking, que explica as práticas jornalísticas no processo de seleção e construção das notícias, os jornalistas, para dar conta do rimo industrial das redações (horários apertados de fechamento, número de páginas que precisam ser preenchidas) adotam critérios de noticiabilidade para os fatos, atribuindo valores-notícia.
Quanto mais valores-notícia tiver um fato, maior a chance dele ser noticiado e de ganhar destaque naquela edição. Os furacões, em geral, tem os seguintes valores-notícia:
- amplitude: o tamanho dos estragos provocados não são significativos apenas para as regiões atingidas, mas ganha interesse internacional- negatividade e dramatização: mortos, feridos e desastres geram imagens e histórias de impacto- consonância: o Katrina se tornou um parâmetro de desastre e os danos dos novos furacões são comparados ao dele.- referência a nações de elite: os acontecimentos no países do centro do capital têm mais peso do que os de periferia - proximidade: infelizmente, para a América Latina, os EUA são considerados mais próximos do que os países do Caribe, mesmo que nossa história, nossa língua e nossa cultura sejam mais próximas dos caribenhos do que dos norte-americanos.
No caso do Gustav, como as convenções para a escolha dos candidatos democrata e republicano aconteceram em dias próximos à passagem do furacão, havia correspondentes destacados. De acordo com Nelson Traquina, esse é um critério contextual do valor-notícia de seleção: disponibilidade. Nos demais países pelos quais o furacão passou, não havia correspondentes brasileiros.
Essas explicações técnicas não tiram o peso ideológico dessa cobertura. Esse drama de solidão da América Latina, não ter correpondentes, não ser considerada "próxima", apenas reforça o quanto a região não é considerada significativa para a indústria jornalística, como outros artigos desse site já mostraram e como está provado na dissertação de mestrado "A Solidão da América Latina na grande imprensa brasileira".

(Alexandre Barbosa) http://www.latinoamericano.jor.br

COMUNICADO IMPORTANTE: TV MATA!



No início da década de 1990, quando Madonna ainda era uma bad girl, o fotógrafo Oliviero Toscani fazia a Benetton se tornar uma grife mundialmente conhecida por suas polêmicas e marcantes publicidades. Nessa época, ele era tão popular quanto a pop star e chegou a dar entrevistas tão escandalizantes quanto o seu trabalho. Numa delas, disse que não tinha TV em casa. O mundo ficou horrorizado e houve quem o julgasse um tirano, por não permitir que os filhos vissem o que se passava no mundo, através da telinha. Há mais de quinze anos, não ter uma TV em casa era como se o cara fizesse parte de uma seita norte-americana em que as pessoas se isolam do resto do mundo e as mulheres deixam os cabelos crescerem até os joelhos, como as unhas do Zé do Caixão.
Hoje a situação mudou um pouco. Sei de uma mulher que não assiste à TV e talvez seja a pessoa mais antenada que conheço. Ela sabe, de antemão, de tudo o que se passa no mundo e à sua volta. Desfez da TV, cancelou assinatura de jornais e revistas e vive plugada na internet. Isso é possível porque seu trabalho exige que ela deixe o notebook ligado o tempo todo ao seu lado. Entre reuniões por Skype, arquivos e documentos enviados por e-mail, ela acompanha sites de notícias que ela mesma escolhe. De qualquer parte do mundo. Ou seja, não há necessidade de se sujeitar a assistir àquilo que é previamente escolhido, editado, pasteurizado e embalado pelas redes de TV e, de quebra, também não precisa sofrer com a programação dominical.Ainda assim, desfazer da TV é algo bizarro para uma sociedade em que o caixote eletrônico responde pelo maior número de vendas do setor eletrodoméstico no Brasil. Ainda mais agora que todo mundo quer trocar o trambolhão pelos modelitos de telas planas, cristal líqüido, LCD, digital e o escambau.Lembro da primeira TV que meu pai comprou, no final da década de 1970. Com um orgulho tão grande quanto o tubo de transmissão do próprio aparelho, ele veio arrastando aquele móvel pesado, impressionando toda a família. Havia um disco preso ao aparelho e quando queríamos mudar de canal, nos levantávamos da poltrona, íamos até lá e girávamos aquela espécie de dial dentado, que fazia um barulho esquisito, como as antigas máquinas de escrever. As brigas infantis pelos canais eram mais raras porque não havia muita variedade na programação, mas eram mais engraçadas porque tínhamos que nos exercitar entre o sofá e a TV: era um levanta-senta, muda de canal, "perdeu lugar", fica na frente para pirraçar; e tome chinelada.Todo mundo ficou encantado com a TV. Já eu me encantei mesmo foi com a caixa de papelão enorme que a embalava, a ponto de querer morar dentro dela. Hoje as embalagens dos aparelhos de TV são tão finas que não cabem nem mesmo um cachorro. Não tem mais graça alguma.Minha amiga antenada diz que TV rouba tempo da gente. Ela lê mais de cem livros por ano, freqüenta cinema uma vez por semana, trabalha de sol a sol, viaja, participa de almoços em família, faz ginástica e caminha diariamente e ainda faz faxina na casa. Se tivesse uma TV, seria dessas pessoas que vivem "sem tempo pra nada".Começo a achar que ela está certa. Já percebi que quando chego cansada do trabalho e resolvo ver TV "pra relaxar", aí é que me sinto ainda mais cansada, o que comprova a teoria da minha amiga: "TV não relaxa, estressa". A gente fica zapeando o tempo todo em busca de algo que preste, resolve assistir a todos os telejornais, com a ilusão de que vai se tornar uma pessoa mais informada, passa por canais e programas toscos e depois não consegue dormir.No dia seguinte, a gente se toca de que passou a noite em claro pensando que enquanto o Gilmar Mendes faz doce porque foi grampeado, a mulher Melancia tem uma bunda maior do que os silicones da Sheyla de Almeida e que nem a mulher Melancia, nem o Gilmar Mendes se importam com o infanticício indígena ou com a invasão da Raposa do Sol. E que, se depender deles, dos 7 kg de silicone da Sheyla e da audiência televisiva da MTV, a Amazônia vai continuar virando pasto e os ursos polares vão continuar se afogando no Ártico.Os ursos polares... Novamente eles. Há uma semana que a extinção das bananas e dos ursos polares me rouba as noites de sono. Não que eu seja uma comedora compulsiva de bananas ou adestradora de ursos polares, mas ainda não consigo conceber o resto da minha existência sem os seres que ilustravam os recortes das minhas pesquisas escolares na infância.Em meio a tanto lixo desinformativo, até que a gente acha coisa instigante. A Oprah ― vejam só onde minha letargia televisiva me levou! ― entrevistou um cineasta norte-americano que resolveu fazer um "experimento social". Munido de 100 mil dólares, patrocinado por um canal de TV dos Estados Unidos, o sujeito queria ver o que aconteceria se um sem-teto encontrasse essa quantia assim, dando sopa no meio do nada. Com o que o mendigo iria gastar? Será que esse dinheiro mudaria a vida dele etc.
O cineasta acompanhou o sem-teto antes, durante e depois da aparição da bufunfa televisivo-sociológica. Mais tarde, a cobaia também deu seu depoimento à Oprah. Resumo da ópera: o dinheiro durou pouco, bem pouco. O homem saiu distribuindo as notas para os amigos, comprou um carro para um deles e uma caminhonete cara para si mesmo, viajou em busca da família e tentou uma reconciliação com esposa e filhos. Não deu certo, então ele se casou com outra mulher, alugou uma casa e começou a ter que pagar contas e impostos pela primeira vez na vida. Aquilo o aborrecia, e manter os bens e o padrão de vida que passou a ter de um dia para o outro foi ficando cada vez mais complicado. Hoje o sem-teto tem uma dívida muito maior do que tinha antes de o dinheiro aparecer, a mulher deu no pé e ele voltou para as ruas. Ah, sim, também se diz mais infeliz do que antes e atribui a tristeza ao fato de ter perdido as esperanças na humanidade. Parece que os amigos sumiram depois que ele voltou à pobreza e isso o desiludiu muito.Mas então eu mudo o canal e o PSTU dá um recado "robinhoodiano" no programa eleitoral: os ricos têm que pagar as contas dos pobres. Para completar, a BBC mostra os desvalidos e esfomeados em Serra Leoa, enquanto o Luciano Huck pensa em mais alguma atração estúpida para a grade dominical. Não tem problema, depois ele dá uma casa para um pobre e fica tudo bem. Já a Rosana Jatobá diz que vai chover no nordeste, mas não diz se é água ou bebês defenestrados. Tanto faz, isso não interessa mesmo aos 50 mil micareteiros que incendeiam o Mineirão todo ano. Yurruuuu!!!Agora, digam lá: dá para dormir com uma poluição dessas?Parece que está tudo de perna para o ar. Nesse mundinho pós-Guerra Fria, ainda tem gente que acredita em bem x mal e nos heróis construídos pelo Galvão Bueno. O que não falta é brasileiro metendo pau na corrupção dos políticos, sem enxergar a própria lambança, como mostrou o CQC dia desses num teste de honestidade.Este fim de crônica me faz constatar que a TV realmente provoca efeitos nocivos no ser humano. A gente se torna uma pessoa mais triste, pessimista ou fofoqueira.Sei não. Num país como este, em que a gente acredita em tudo o que aparece na telinha, talvez fosse bom mesmo que os grampos no judiciário e no legislativo continuassem. Aliás, deveriam mesmo era divulgar na TV e fazer um grande reality show com essas escutas. Quem sabe assim a gente desiste de todo esse lodo nauseante, levanta do sofá, desliga a TV, vai ler, estudar, fazer algo que preste e, de repente, combater essa corrupção toda que assola o país, da nossa casa à mídia e à cúpula dos três poderes... Bons tempos aqueles em que as crianças ao menos podiam brincar com as embalagens de papelão dos aparelhos televisivos.